DESAFIADOS A SERMOS IMACULADOS



 

 

Por Nilson Perissé

Nesta solenidade em que celebramos a Imaculada Conceição da Virgem Maria, somos provocados a pensar nas máculas de nosso coração, de nossa mente e de nosso corpo.

EVANGELHO

No Evangelho desta Sexta-feira (Lc 1,26-38), quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: «Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo». Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: «Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim». Maria, então, perguntou ao anjo: «Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?». O anjo respondeu: «O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível». Maria disse: «Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra». E o anjo retirou-se».

REFLEXÃO

Como se comporta alguém que tem o coração, a mente e o corpo sem máculas?

Todo o episódio da anunciação nos parece tão estranho quanto surpreendente porque nosso coração, mente e corpo funcionam em outra sintonia.

Quando o anjo se apresenta de súbito a Maria, ela se perturba e fica intrigada, mas não questiona se estava tendo visões. Nós, com a mente maculada pela descrença, por certezas superficiais ou por compreender a angeologia como uma ficção, teríamos tido outro tipo de reação: incredulidade, receio de estarmos tendo alucinações ou um irresistível estranhamento diante do desconhecido.

Quando o anjo anuncia que do ventre dela nasceria o Filho do Altíssimo, ela não duvida de sua palavra, mas revela sua dificuldade de compreensão sobre como aquilo poderia acontecer. Nós, com o coração maculado pela arrogância científica, diríamos que o anjo estava louco e a dizer coisas impossíveis.

E quando o anjo explica que o processo de concepção teria o protagonismo do Espírito Santo e do Altíssimo, ela não cogita que seu corpo não seria digno de receber e trazer ao mundo o Cristo. Mas nós, com o corpo maculado por excessos na alimentação, no sedentarismo ou nos vícios, teríamos certeza de que o anjo teria batido em porta errada ou nos confundido com outra pessoa.

Nessa data festiva em que fazemos memória da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, somos convidados a pensar nela como uma fonte de inspiração e não como objeto de adoração. A que ela nos inspira? A termos, também, o coração, a mente e o corpo sem máculas. Ao invés de assumirmos uma acomodada posição de admirar e prestar homenagem a quem tem o que não temos, devemos nos sentir provocados a fazer escolhas que nos levem à santidade que queremos ter. Despindo-nos de toda a poluição mental, afetiva e corporal que nos cria empecilhos para vivermos a Anunciação da forma como viveu Maria, estaremos aptos a fazer o que ela fez: gerar o Senhor dentro de nós.

Somente nos comprometendo a seguir o exemplo da Imaculada, teremos condições para que, na noite de Natal, o anjo atualize a história e adentre nosso quarto. Aí, então, com coração, mente e corpo renovados pela conversão, estaremos com o espírito mais próximo da imagem divina com a qual fomos criados e, assim sendo, com a mesma condição de dar ao anjo o nosso sim.




Indicação de Leitura: Nilton Jr.
Edição: Sandra Regina Ofs
Imagem: Pinterest 

Comentários